Filha de diarista, o fluxo inicial acerca deste vídeo-performance surge a partir da seguinte mensagem de texto enviada pela sua mãe por Whatsapp, em abril de 2019: “Vc acha....eu acho que as pessoas me acha muito burra / Q as pessoas acha porque eu faço faxina”, referindo-se com espanto ao fato de ter sido chamada de inteligente.
A Diarista (2019, cor) procura tensionar o poder da aprovação social pela posse de conhecimento inteligível e valorado pelas instituições de ensino, através da possível acessibilidade deste lugar a múltiplas singularidades, assim como a desvalorização pejorativa ao trabalho de quem lida com a sujeira alheia.
Traçando o paralelo entre sujeira e limpeza, transpõem a sexualidade a este lugar, não apenas como possibilidade questionadora sobre a higienização da vivência sexual, como marca impura presente na lógica judaico-cristã, como também desejo de sacudir a estruturação social compreendida sob o código “mulher” – conectado ao ambiente privado e as atividades domésticas.
O vídeo se dá pela captação de um plano sequência gravado pelo celular Moto G 5, trazendo a camada sugestiva do real-ficcional como propositor acerca da veracidade das alegorias estruturais das relações sociais.