l0ba se instaura em deslocamento /// animalesco ao que é considerado humano /// uma zona de controles hierárquicos ruídos /// um fantasma que abana sob a ruína da antiga casa /// se a água, há séculos, vem sendo pensada como material dos sonhos, pesadelos e do desconhecido; se me fosse permitido cartografar diria – que l0ba – é o ponto cego das correntes marítimas onde se encontram os piratas de má índole /// mas sua apreensão é inválida /// se desterritorializa em constâncias dissociativas /// infravermelho sob as estruturas invisíveis que limitam a experiência /// para quebrar o código é preciso hackear /// antes mesmo de despertar para a escolha: desaprisionar a funcionalidade do corpo /// acabar com o juízo de deus /// acabar com o juízo do eu /// fim ao organismo /// transpor a rota da narrativa datada /// diferenciar para seguir /// modificar os aspectos mais internos da própria programação /// hackear o meio é também hackear a si /// local de passagem para manifestações inconscientes /// inconsciente como zona autônoma temporária /// sobreposição de espaços /// sem limiares: uma brincadeira entre dentro e fora /// área sem valor /// livre exposição dos códigos maquinais para que na materialização do objeto artístico possa optar pelo deslocamento despadronizador do processo subjetivo /// repetir, repetir e repetir até o esgotamento /// para que em estado metamorfoseante se apresente, anacronicamente, a face taciturna da presença
Rafaela Giacomelli (DRT 0012271/RS) é graduada em Teatro: Licenciatura pela Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS), reside em Porto Alegre/RS, onde – por meio do hackeamento dos códigos sociais – em suas criações oferece significados outros como possibilidade de desaprisionamento das subjetividades adormecidas pelas estruturas capitalísticas.
Compõe o grupo GESTA (Grupo de Estudos Transdisciplinares do Ator) orientado pela Dra. Tatiana Cardoso (Vindenes Bro/ DK) e o ASA - Ateliê Sul de Atuação orientado pela atriz-pesquisadora Tânia Farias (Ói Nóis Aqui Traveiz - Porto Alegre/RS). Seu processo artístico é permeado pela sua experiência enquanto educadora: participou do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), do projeto Tempo de Impermanência: Teatro em Penitenciárias Femininas do Rio Grande do Sul (orientado pela Dra. Tatiana Cardoso), desenvolvido pela parceria formada entre a UERGS e a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), assim como de projetos sociais na região Leste e Sul do município de Porto Alegre/ RS.
Participou da residência artística realizada pelo núcleo de investigação internacional Ponte dos Ventos (DK), no Centro Cultural Sesc Paraty – RJ. Em Campinas/SP, atuou no Curso Intensivo sobre Canto e Criação de Cenas, ministrado por Alejandro Tomás Rodriguez e assistido pelos atores da Casa Talcahuano, (Buenos Aires), e do curso O Estado de Ser do Ator ministrado por Carlos Simioni (Lume Teatro), o qual se perdurou em um grupo de pesquisa continuada (Via Expressa) com as visitas de Simioni à Porto Alegre/RS. De mesmo modo, esteve na residência artística A Transmissão da Flor: Teatro como Pesquisa e Pedagogias da Presença, orientado conjuntamente por Tânia Farias (Ói Nóis Aqui Traveiz/RS) e Carlos Simioni (Lume Teatro/SP) em Florianópolis e no curso Esquizoanálise – Ferramentas-Conceitos na Potencialização das Práticas Sociais e Institucionais, assistido pelo Instituto Pichon Rivière (Poa/RS).